Revista Científica da Universidade Eduardo Mondlane, Série: Letras e Ciências Sociais http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs <p>A Série Letras e Ciências Sociais é uma série de publicação da Revista Científica da UEM (RC-UEM), publicada pela Unidade Editorial da Revista Científica da Universidade Eduardo Mondlane. É de <em>Acesso Livre, </em>bianual e tem como principal objectivo difundir os resultados das actividades científicas realizadas por docentes e investigadores da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e de outras instituições de ensino superior e de investigação na área das Letras e Ciências Sociais<strong>.<br></strong><strong>ISSN: 2307-3918</strong></p> pt-PT rc.uem@uem.ac.mz (Aidate Mussagy) qui, 04 set 2025 10:20:19 +0000 OJS 3.1.1.2 http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss 60 Editorial http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/267 Aidate Mussagy, Horacio Francisco Zimba, David Langa, Ezra Nhampoca ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/267 sex, 08 ago 2025 00:00:00 +0000 CITSHWA PHRASAL TONOLOGY http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/268 <p>Neste artigo examinamos as duas regras principais da tonologia a nível de frase em Citshwa, uma língua do grupo Tsonga (Zona S50 na classificação de Guthrie das línguas Bantu). Usando sequências verbo-nome, o artigo defende que um verbo que termina em tom alto é separado do nome (ou complemento nominal) de tom alto na sílaba inicial por um <em>downstep</em> (“!”). Contudo, se o complemento nominal tiver tom baixo na sílaba inicial, o tom alto do verbo propaga-se para a sílaba inicial do nome sem tom, induzindo o <em>Downstep</em> para o tom alto da sílaba seguinte. Se o complemento nominal tiver duas ou mais sílabas iniciais sem tom precedendo uma sílaba de tom alto, o tom alto do verbo propaga-se apenas para a sílaba inicial do nome e não mais. O tom alto do nome é automaticamente sujeito a <em>downstep</em> em virtude da(s) sílaba(s) de tom baixo entre o tom alto do nome e o tom alto na primeira sílaba no nome. Se o complemento nominal não tiver tom alto em nenhuma das sílabas, então o tom alto do verbo propaga-se até à penúltima sílaba do nome. Uma complicação significativa surge quando o nome é modificado, pois o tom alto do verbo propaga-se a sílaba inicial sem tom de todos os nomes, mas no caso de um nome sem tom alto não se propaga mais. Todavia, em Citshwa, há uma outra regra tonal que elimina o tom alto em posição final na frase<strong>. </strong>Uma palavra no fim da frase que termina em tom alto, obrigatoriamente apaga esse tom quando precede imediatamente um verbo principal que possui um tom alto na sílaba inicial e, opcionalmente apaga mesmo tom quando está separado do verbo por outra frase. A função sintática da frase é irrelevante. O presente artigo examina estes dois princípios: a propagação do tom alto, bem como a elisão do tom alto na posição final da palavra.</p> Charles W. Kisseberth, Zeferino Maguiuane Ugembe ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/268 sex, 08 ago 2025 15:56:30 +0000 FONOLOGIA DO CHANGANA (S53) http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/269 <p>Neste estudo discutem-se as caraterísticas fonéticas e fonológicas do Changana falado em Moçambique, com foco em compreender as regularidades desse sistema linguístico. O Changana apresenta um inventário fonético rico, com mais de cem consoantes documentadas, incluindo consoantes simples e modificadas (i.e., com articulações secundárias), formando séries de pré-nasalizadas, aspiradas e labializadas. Nesse sentido, objetiva-se descrever o sistema de segmentos distintivos do Changana e seu inventário de sons. Para isso, o presente estudo baseia-se em trabalhos descritivos relacionados aos aspetos sonoros da língua, especialmente nas propostas de Ngunga e Simbine (2012) e Langa (s.d.). Discutiremos, em especial, o inventário fonético, sua organização e suas classes com o intuito de apresentar uma proposta para o sistema fonológico. Foco será dado ao sistema consonantal, considerando os processos fonológicos documentados, tais como epêntese,&nbsp; apagamento e assimilação. A partir da análise do sistema consonantal, esboçamos uma proposta para organização silábica da língua. A análise das consoantes do Changana é de especial interesse para os estudos em fonologia, dado que seu inventário extenso de consoantes, tradicionalmente interpretadas como contrastivas, é tipologicamente pouco atestado em complexidade e tamanho. Outra contribuição do presente trabalho é apresentar uma abordagem geral do inventário fonético da língua, uma vez que as poucas descrições disponíveis se dedicam a descrever/analisar os sons que são mais complexos e raros, como o sistema de consoantes pré-nasalizadas aspiradas e labializadas.</p> Maria Mendes Cantoni, Magnun Rochel Madruga ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/269 sex, 08 ago 2025 16:05:35 +0000 ALGUNS ASPECTOS DA NASALIZAÇÃO DOS PREFIXOS NOMINAIS DA CLASSE 9/10 EM SHONA E BARWE http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/270 <p>Geralmente, a maioria das línguas bantu tem substantivos que são construídos por meio de uma combinação de um prefixo nominal e um radical nominal.&nbsp; Tomando um exemplo Shona do substantivo da classe 1, “mukomana” (menino), ele é composto de um prefixo substantivo mu- mais o radical nominal –komana. Da mesma forma, o substantivo plural da classe 2 para o mesmo substantivo é “vakomana” (meninos) é construído por meio do prefixo nominal va- que é adicionado ao radical nominal –komana. No entanto, um fenómeno diferente ocorre com alguns substantivos Bantu das classes 9 e 10, onde no lugar de um prefixo independente há algum processo fonêmico que ocorre na inicial do substantivo, onde, ao contrário de outras classes de substantivos, um prefixo é colocado antes de um radical nominal.&nbsp; Portanto, nesses casos, alguns substantivos das classes 9 e 10 passam pelos processos fonológicos que substituem o prefixo do substantivo. Nos substantivos das classes 9 e 10 o processo tem como alvo as consoantes iniciais da palavra onde ocorrem alguns processos morfofonológicos.</p> Esau Mangoya ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/270 sex, 08 ago 2025 18:07:39 +0000 TEMPO E ASPECTO VERBAL EM CITSHWA http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/271 <p>À luz da Morfologia e Fonologia Lexical de Kiparsky (1982), o estudo, a partir de Meeussen (1967), analisa a distribuição dos constituintes tempo e aspecto em Citshwa (S.51 segundo GUTHRIE,1967-71). O problema que se levanta reside na análise da distribuição destes constituintes na estrutura do verbo, bem como a forma como eles são expressos. O estudo é exploratório e qualitativo e, durante a geração de dados, a triangulação metodológica envolveu a pesquisa bibliográfica, a entrevista qualitativa e o questionário. O trabalho de campo decorreu na cidade de Maxixe de 2014 a 2015. Do universo de 300 informantes, seleccionou-se uma amostra não probabilística de 70 falantes de Citshwa, usando-se variáveis como idade, sexo, nível escolar e língua materna. O tempo foi descrito nas categorias passado simples, passado composto, presente habitual, presente pontual e futuro simples, nas formas afirmativa e negativa. Relativamente ao aspecto, o estudo descreveu as 4 categorias aspectuais (COMRIE, 1976): perfectivo, imperfectivo habitual, imperfectivo pontual e imperfectivo progressivo, tendo mostrado que estes morfemas se distribuem nas diversas posições na estrutura do verbo e, nalguns casos, como é o caso do aspecto perfectivo, a sua posição coincide com a do passado simples. Assim, conclui-se que em Citshwa os constituintes tempo e aspecto se afixam ao verbo e distribuem-se dentro das 11 posições na estrutura interna. Estes constituintes são expressos por morfemas segmentais e suprassegmentais.</p> Lucério Gundane ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/271 sex, 08 ago 2025 16:21:30 +0000 A MARCAÇÃO DO ASPECTO COMPOSICIONAL ATRAVÉS DE EXTENSÕES VERBAIS EM CINYANJA http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/272 <p>O Aspecto constitui um dos domínios mais complexos e controversos da linguística moderna, facto que se justifica pela existência de várias perspectivas de abordagem desta categoria, desde as tradicionais, centradas no Aktionsart, ou significado inerente do verbo, às mais actuais, orientadas para a composicionalidade. O presente estudo, baseado nas teorias composicionais de Verkuyl (1989) e Moens (1987), tem como principal objectivo compreender o papel das extensões verbais na marcação de valores aspectuais em Cinyanja. Especificamente, a pesquisa visa (i) identificar os morfemas de extensão que actuam como operadores de marcação de valores aspectuais em Cinyanja; e (ii) explicar as transições que se operam de certas categorias aspectuais para outras, em consequência da incorporação de morfemas de extensão nas formas verbais. O estudo é marcadamente descritivo, baseado em itens linguísticos do Cinyanja, extraídos a partir de uma pesquisa bibliográfica. Para o tratamento de dados, privilegiou-se a análise de conteúdo. A pesquisa conclui que alguns morfemas de extensão em Cinyanja, quando incorporados na estrutura do verbo, desencadeiam modificações, não só ao nível sintáctico, mas também no domínio semântico-aspectual, onde (i) Processos Culminados, Culminações e Estados são convertidos em Processos; e (ii) Processos Culminados, Processos e Culminações são convertidos em Estados.</p> Geraldo Macalane ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/272 sex, 08 ago 2025 16:27:21 +0000 ESTRATÉGIAS DE NOMINALIZAÇÕES DEVERBAIS DE CLASSES NÃO HUMANAS NO CINYANJA http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/273 <p>Este artigo visa descrever os processos de nominalização deverbal no Cinyanja relativos às classes nominais distintas das classes 1 e 2.&nbsp; A derivação de nomes a partir de classes humanas é um processo produtivo na língua para a formação de substantivos agentivos a partir de verbos, por meio da afixação de prefixos das referidas classes e da vogal final –i como em <em>m-phunzits-i </em>(professor) derivado do verbo <em>ku-phunzíts-a </em>(ensinar) (MCHOMBO, 2017). As nominalizações construídas a partir de prefixos das classes nominais distintas das classes 1 e 2 não formam nomes agentivos, mas denotam a própria eventividade expressa pelo verbo ou a maneira de se desempenhar tal eventividade. Tomemos como exemplo o nome ‘sonho’ <em>lot-o</em> derivado do verbo ‘sonhar’ <em>ku-lot-a</em>, formado a partir da classe 5, um prefixo nulo, e a vogal final – o.&nbsp; Também o nome ‘louvor’ derivado do verbo ‘louvar’: <em>ku-tamand-a, </em>construída com o prefixo da classe 7: <em>ci-tamand-o, </em>ou ainda o nome ‘cura’ <em>n-ciz-o</em> da classe 3, derivado do verbo ‘curar’ <em>ku-ciz-a. </em>Também, apuramos outra forma, construída a partir do prefixo da classe 14 com a vogal final -o, <em>u-phunzíts-o</em> ‘maneira de ensinar’. Constatamos que, independentemente da nominalização deverbal singular utilizada, o plural será o prefixo de classe nominal 6 “ma-“, assim temos <em>ma-lot-o, ma-tamand-o, ma-ciz-o</em> e<em> ma-phunzits-o, </em>respectivamente<em>.</em> Usou-se o método introspectivo, uma vez que o coautor é falante nativo e o método bibliográfico, buscou-se o material disponível. O principal objetivo deste artigo é descrever os processos de nominalização referidos e seus contextos de uso pertinentes.</p> Ronaldo Rodrigues de Paula, Kondwani Inoque Bewala ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/273 sex, 08 ago 2025 16:40:26 +0000 CLASSES E PREFIXOS NOMINAIS EM BANTU http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/274 <p>As línguas Bantu exibem uma estrutura do verbo complexa, não só por causa das suas posições disponíveis a receber os constituintes internos do verbo, mas, sobretudo, pela sua relação com a sintaxe. Mais recentemente, linguistas viraram também as suas atenções à (re)análise às classes e prefixos nominais. A literatura tende a considerar, usando uma análise funcionalista dos seus constituintes, que o prefixo nominal licencia informação gramatical de género (singular e plural), seguindo assim a linha dos pioneiros nestes estudos. Por estas línguas apresentarem um número &nbsp;de classes nominais que varia entre 1 e 10, e sendo interpretadas, grosso modo, como marcando a oposição singular/plural, o que é considerado redutor para as línguas que têm uma morfologia verbal tão complexa. Hipóteses vão sugerindo que as classes e prefixos nominais codificam informação lexical (Bleek, 1862). Desse modo, sugere-se que os prefixos nominais &nbsp;sejam reanalisados como uma derivação, no sentido tradicional do termo e não uma flexão como commumente têm vindo a ser classificados. Com o intuito de testar essas hipóteses, através de uma abordagem comparativa, apoiando por entrevistas, filologia e introspecção, o presente artigo argumenta a favor da codificação lexical das classes e prefixos nominais em Changana (S53), corroborando com a hipótese avançada por Taraldsen <em>et al. </em>(2018) da reanálise dos prefixos nominais em nomes silenciosos.</p> David Alberto Seth Langa ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/274 sex, 08 ago 2025 16:48:30 +0000 ANÁLISE MORFOSSINTÁCTICA DOS MORFEMAS -UR- E -AM- NO CIWUTEE http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/275 <p>Os morfemas são unidades mínimas de análise morfológica. Tendo em conta este pressuposto, nota-se que, para captar os traços paramétricos das unidades morfológicas, é necessário que seja feita uma exploração no seu campo maior (morfologia). O foco da pesquisa são os morfemas que podem ocorrer antes e ou depois da base. A pesquisa tem como objectivos analisar, testar, caracterizar e distinguir os morfemas -<em>ur</em>- e -<em>am</em>-, numa perspectiva morfossintáctica e léxico-semântica. Para o efeito, usou-se <em>o teste distribuição</em>, as teorias <em>Princípio de Espelho</em> Baker (1995) e <em>Incorporação</em> Baker (1988) para aferir a existência de alguma linearidade e possíveis restrições léxico-semânticas na concatenação de unidades derivacionais que, por sua vez, podem estabelecer uma relação com o mundo extralinguístico. Com estas abordagens teóricas, pretende-se aferir a real categoria de morfemas -ur- e -am- que, em algumas línguas bantu, funcionam como extensões verbais fossilizadas. Os objectivos arrolados remetem-nos à questão “será que os morfemas <em>-ur-</em> e <em>-am-</em> comportam-se como extensões verbais e qual é a real categoria morfossintáctica e léxico-semântica das bases que os agregam no Ciwutee? As possíveis respostas que advém da pergunta acima são: a) os morfemas <em>-ur-</em> e <em>-am-</em> comportam-se como extensões no Ciwutee; b) os morfemas <em>-ur-</em> e <em>-am-</em> estabelecem restrições morfossintácticas e léxico-semânticas destintas, diante das bases que os agregam e; c) os morfemas <em>-ur-</em> e <em>-am-</em> são extensões fossilizadas no Ciwutee. Usando a abordagem qualitativa, o método&nbsp;bibliográfico e a Introspecção, assim como, o teste <em>distribuição</em> foi possível concluir que -ur- é uma extensão verbal que se junta às bases verbais com semântica de movimento cíclico e -am- não é uma extensão, mas sim, um verbalizador que se junta, apenas, às bases ideofónicas. Esta conclusão geral foi dada por 84.7 % de informante do universo de 100% de amostra justificativa.</p> Joaquim João Razão ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/275 sex, 08 ago 2025 00:00:00 +0000 A SINTAXE DAS ORAÇÕES RELATIVAS NÃO SEGMENTAIS EM CINYANJA http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/276 <p>&nbsp;</p> <p>A presente pesquisa apresenta uma proposta de análise das orações relativas não segmentais em Cinyanja, uma língua do grupo Bantu (N31). Os dados analisados foram seleccionados pelo autor, fazendo intervir a competência linguística de falante nativo da língua. Antes da análise, as frases foram também submetidas a outros falantes e professores da língua para a certificação da sua gramaticalidade e aceitabilidade. Em Cinyanja, para além dos recursos segmentais, que envolvem o marcador –<em>mene</em> e o sufixo relativo <em>–o</em>, colocado à direita da última palavra da oração, as orações relativas podem também ser formadas com recurso ao tom alto (com ou sem o sufixo relativo <em>-o</em>). Nesta última estratégia de relativização, o sujeito aparece obrigatoriamente em posição pós-verbal. Assim, as relativas não segmentais são analisadas como estruturas em que C+wh tem um estatuto idêntico ao dos marcadores relativos clíticos que aparecem incorporados na estrutura do complexo verbal em outras línguas Bantu (Demuth e Harford,1999), que tipicamente desencadeiam a inversão do sujeito. Como o marcador relativo é um elemento sem matriz fonológica, comporta-se como uma forma clítica e deve afixar-se a T. Assumindo o modelo da Morfologia Distribuída (HALLE e MARANTZ, 1993), defende-se que a afixação de C a T se dá no nível pós-sintático da gramática, sob adjacência. O sujeito permanece <em>in situ</em>, em Spec-VP, obtendo-se os mesmos padrões de ordem de palavras das frases simples com sujeito em posição pós-verbal, nomeadamente VOS ou, na presença da marca de concordância com o objecto, VSO.</p> Mário Biriate ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/276 sex, 08 ago 2025 17:02:48 +0000 AFINAL, QUANTAS ESTRATÉGIAS DE INTERROGATIVAS-WH OCORREM EM KIMWANI, UMA LÍNGUA BANTU FALADA NO NORTE DE MOÇAMBIQUE? http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/277 <p>Este artigo com o tema “Afinal quantas estratégias de interrogativas-<em>Wh</em> ocorrem em Kimwani, uma língua bantu falada no Norte de Moçambique” descreve e analisa o padrão de interrogativas-<em>Wh </em>em Kimwani. De acordo com Braga, Kato e Mioto (2009) as interrogativas-<em>Wh </em>fazem parte de um conjunto de construções denominadas construções <em>Wh </em>e dividem-se em três subgrupos: (i) construções relativas, (ii) construções clivadas (iii) interrogativas-<em>Wh</em>. O artigo, descreve o último subgrupo, a tipologia das interrogativas-<em>Wh. </em>Metodologicamente é uma abordagem qualitativa centrada na análise de conteúdo baseado na teoria da gramática. Os dados analisados neste artigo foram colectados, por meio de entrevistas, em 2015 e em 2020 com falantes nativos de Kimwni no âmbito da produção da dissertação de mestrado e tese de doutoramento. Portanto, um tempo depois, os mesmos dados são reanalisados neste artigo para uma abordagem das interrogativas-<em>Wh</em> em Kimwani. Deu-se primazia a análise de conteúdo dos dados coadjuvados pelos métodos de introspecção, fenomenológicos e teste de juízo de aceitabilidade e gramaticalidade com falantes nativos de Kimwani. Este último permitiu aceder com maior fidelidade ao conhecimento intuitivo dos falantes. O resultado da análise de dados mostrou que em Kimwani ocorrem três estratégias de formação de interrogativas do tipo <em>Wh</em>, nomeadamente: <em>Whin situ</em>, <em>W</em><em>h-</em>totalmente movido, <em>Wh-</em>parcialmente movido. Esta última é marcada por não ocorrer com mais frequência e julgada meio estranha pelos falantes.</p> Calawia Salimo ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/277 sex, 08 ago 2025 17:09:52 +0000 MARCAÇÃO DE OBJETO EM BANTU http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/278 <p>A marcação de objeto é um fenômeno linguístico comum nas línguas bantu, nele observamos que o objeto da frase é referenciado na estrutura verbal por meio de um prefixo. O objetivo deste artigo é sistematizar as descrições acerca do fenômeno de marcação de objeto em Changana. Para tanto, compilamos os contextos morfossintáticos e semântico-pragmáticos a partir dos quais a marca de objeto emerge na língua a partir de uma revisão bibliográfica dos estudos de Chimbutane (2002), Ngunga e Simbine (2012), Langa (2013) e Ngunga, Duarte e Quesler (2016). As descrições do fenômeno apontam que a marca de objeto tem a função de codificar a leitura tópica, isso porque o argumento marcado no verbo representa uma informação dada no discurso. Nesse contexto, objeto referenciado passar a ter sua realização morfofonológica opcional na frase como um NP pleno, uma vez que a partir da marca de objeto torna-se possível recuperar a referência do NP referenciado. Esse fenômeno ocorre em frases transitivas ou transitivizadas e em construções de duplo objeto. Além disso, a marcação do objeto possibilita a flexibilização da ordem dos constituintes, pois a correferencialidade da marca garante a interpretação do NP marcado como objeto da frase. Por fim, identificamos uma divergência quanto ao estatuto gramatical da marca de objeto, havendo duas propostas, a primeira caracteriza a marca como pronome incorporado e a segunda como marca de concordância. Desta feita, a sistematização das informações proposta neste artigo serve como base para estudos posteriores sobre a marca de objeto.</p> David Alberto Seth Langa, Clauâne Pâmela Leal Dias Carolino ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/278 sex, 08 ago 2025 17:19:17 +0000 CONSTRUÇÕES APLICATIVAS EM KIMWANI http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/279 <p>Este trabalho apresenta uma análise formal sobre as construções aplicativas em Kimwani (G45), que são realizadas pelo morfema {<em>-ir-</em>} e seus alomorfes. Esta análise tem como justificativa o fato de que essa língua é pouco documentada e também por haver ainda poucos estudos que investigam o comportamento do objeto aplicado e do objeto direto nas construções aplicativas. Nesse sentido, visamos averiguar se Kimwani é uma língua de objetos simétricos ou assimétricos. Tendo em vista essa assunção, o presente artigo busca efetuar uma análise descritiva e teórica sobre o fenômeno. Ancoramos nossa análise nos pressupostos teóricos da Sintaxe Gerativa, em sua versão mais recente, o Programa Minimalista, e também em trabalhos que discorrem acerca da propriedade gramatical da extensão verbal aplicativa em diferentes línguas bantu. Apresentamos uma descrição de contextos em que verbos meteorológicos, inacusativos, inergativos e transitivos biargumentais podem ser aplicativizados. Propomos que as construções aplicativas possuem um comportamento assimétrico, considerando que apenas o objeto aplicado engatilha a marca de objeto no verbo e pode ser apassivizado. A proposta é a de que o núcleo fásico Applº não abre uma posição extra de especificador para permitir que o objeto direto escape do VP, antes que ele seja enviado a Spell-Out. Assim, apenas o objeto aplicado pode ser alçado para Spec-IP nas construções passivas e pode engatilhar a marcação de objeto no verbo.</p> Ana Clara Passoni Moraes, Fábio Bonfim Duarte, Paulina Praxedes ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/279 sex, 08 ago 2025 17:30:34 +0000 QUEM DISSE QUE CHIKUNDA NÃO ERA LÍNGUA? http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/280 <p>O Chikunda é uma língua bantu classificada N42 por Guthrie (1971), e falada na junção de três países de África austral: Moçambique (Zumbo), Zâmbia (Luangwa) e Zimbabwe (Kanyemba), assim como no sul de Malawi nos distritos de Mwanza e Chikwawa. O grupo socio-cultural chikunda mereceu muita atenção dos historiadores devido à sua função como soldados escravizados durante o sistema de “prazos” na era colonial de Moçambique. A partir de uma identidade social comum, surgiu uma identidade étnica que envolveu a criação de um idioma, o Chikunda, resultante da mistura de dialetos e idiomas intra-bantu. A história incomum dos Chikunda levanta questões fascinantes do ponto de vista linguístico, com possíveis repercussões importantes para a narrativa histórica dessa comunidade. O presente artigo apresenta os resultados preliminares do projeto <em>OriKunda: On the origins of Chikunda, “a language without a land”</em> (Abril 2023-Março 2027, ANR-22-CE54-0009, França), liderado por Rozenn Guérois (LLACAN, CNRS França), cujo objetivo é revisar a história singular do grupo socio-cultural e da língua chikunda, desde sua gênese até aos dias atuais, por meio da linguística histórica, da linguística antropológica e da sociolinguística. Com base em pesquisas recentes de trabalho de campo, o presente artigo descreve elementos sociolinguísticos e linguísticos preliminares do Chikunda.</p> Rozzen Guerois ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/280 sex, 08 ago 2025 00:00:00 +0000 AS PAISAGENS LINGUÍSTICAS E SONORAS DA CIDADE DE MAPUTO COMO POLÍTICAS LINGUÍSTICAS EM MOÇAMBIQUE http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/281 <p>O presente artigo discute as políticas linguísticas de Moçambique, em especial da Cidade de Maputo, com enfoque nos conceitos de paisagens linguísticas e sonoras. As paisagens são tomadas como manifestações de políticas linguísticas multilingues implícitas que dialogam, directa ou indirectamente, com as políticas linguísticas explícitas. As políticas linguísticas desempenham um papel relevante na dinâmica das línguas, especialmente porque operam como ferramenta pedagógica, a exemplo das políticas educacionais em prol do bilinguismo. O texto aborda também as paisagens linguísticas e sonoras das línguas que são vistas e ouvidas nas cidades, tidas como manifestações identitárias e/ou simbólicas, o que inclui uma série de significados e papeis, como a conexão com os antepassados, a relação com modos de vida e de sobrevivência económica, o uso de rituais e cerimónias, entre outros elementos). Defende-se que as paisagens linguísticas indexam significados culturais, identitários e políticos relevantes, através de uma semiótica da paisagem que mescla códigos escritos, pinturas, desenhos, grafites, sonoros, entre outros, ao passo que a paisagem sonora inclui as experiências dos sujeitos envolvendo o ambiente sonoro, a relação com as sonoridades e o barulho. Os dados foram recolhidos através de fotografias e etnografia, tendo a seguinte questão guia: Que línguas e sonoridades compõem as paisagens linguística e sonora de Maputo? A escolha por Maputo se justifica: trata-se de uma realidade urbana, a capital política do país, onde estão concentradas as principais iniciativas institucionais e culturais, caracterizando-se por um espaço multilíngue rico e complexo.&nbsp;</p> Ezra Alberto Chambal Nhampoca, Cristine Gorski Severo ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/281 sex, 08 ago 2025 17:47:57 +0000 ENSINO BILÍNGUE E AS DESIGUALDADES DE GÉNERO EM MOÇAMBIQUE http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/282 <p>Este artigo, de pesquisa bibliográfica e análise documental, analisa o papel do ensino bilíngue na retenção da rapariga na escola e na redução das desigualdades de género, a partir da comparação do número de raparigas que iniciam a 1ª classe e as que chegam à 6ª classe. Com efeito, fez-se uma revisão de literatura das obras que abordam a temática da educação bilíngue (CHIMBUTANE, STROUND 2011), a alfabetização inicial em língua Materna (CHIMBUTANE, 2011), política linguística e direito linguístico (UNESCO, 1996 2000a e 2002). Igualmente, fez-se a colecta de dados em diversos documentos tais como o levantamento estatístico de 2023 do MINEDH, (INDE 1997; INE 2019, 2023) e Programas do 1º ao 3º Ciclo do Ensino Básico de Moçambique (2003, 2015). O nosso interesse surge pelo facto de estudos mostrarem que a inclusão das línguas moçambicanas como meio de ensino não só resolvia o problema das altas taxas de desperdício escolar (desistências e repetências) entre 1984 a 2000 que se acreditavam estar relacionadas com a língua usada como meio de ensino, mas também para a retenção da rapariga na escola. Pois, o papel da mulher está associado ao lar e à família o que faz com que ela esteja pouco exposta às línguas de comunicação usadas fora desse contexto, incluindo a escola. E como consequência, a escola deixa de ser um espaço acolhedor e passa a ser o lugar onde se multiplicam as desigualdades de género. Embora consideremos que mais estudos são necessários para explicar as razões de desperdício escolar, os dados de 2023 analisados mostram que o ensino bilíngue oferece soluções para este problema, pois, os números do ensino monolingue levam-nos a defender que a língua de ensino pode estar a ser um dos obstáculos enfrentados pelas alunas. Com efeito, vimos que nas duas modalidades de ensino, há mais desperdício de raparigas no monolíngue, com 214.029 a mais em comparação com o bilíngue.</p> Crisófia Langa da Câmara, Célia Adriano Cossa Mutevuia ##submission.copyrightStatement## http://revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/282 sex, 08 ago 2025 00:00:00 +0000